2º Seminário Internacional Museografia e Arquitetura de Museus

Identidades e Comunicação

Museu e cidade na contemporaneidade: a interpretação museológica dos espaços urbanos

Manoela Rossinetti Rufinoni
Arquiteta e urbanista, professora adjunta do Curso de Graduação em História da Arte da Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP. Responsável pela disciplina Museologia e Patrimônio. 
Email: rufinoni@unifesp.br

Resumo

A arquitetura para museus na contemporaneidade tem ultrapassado os limites da concepção tradicional do edifício-museu, espaço que abriga e interpreta determinado acervo. Explorando a linguagem da arquitetura contemporânea, os projetos para museus almejam objetivos inusitados como a criação de novos ícones urbanos, a promoção do turismo ou a chamada  ‘revitalização’ de áreas degradadas. Na busca por tais metas, a recorrência a projetos arquitetônicos ‘espetaculares’ freqüentemente negligencia ou obscurece as qualidades cognitivas, históricas, estéticas e memoriais do tecido urbano existente. Este modelo de inserção de novas arquiteturas tem sido observado em propostas de reabilitação urbana para zonas industriais obsoletas, antigas áreas portuárias ou bairros tradicionais em processo de degradação; em diferentes contextos geográficos e socioculturais. A discussão sobre o equilíbrio entre o antigo e o novo –  sobre o desafio projetual da inserção de novas arquiteturas em tecidos urbanos consolidados – , tem sido tema de fervorosos debates ao longo de todo o século XX. Hoje, se a expressão arquitetônica contemporânea reinvidica seu espaço ao lado da cidade preexistente; a própria cidade, por sua vez, reclama a observância de suas especificidades como afirmação de sua indentidade patrimonial. O reconhecimento dos valores do ambiente urbano – conquista teórica que acompanhou a expansão do conceito de patrimônio cultural das últimas décadas – ao nos conduzir à reflexão sobre os valores cognitivos desses espaços, também abre caminho para novas perspectivas de abordagem museológica. Em outras palavras, os espaços urbanos que recebem os novos projetos arquitetônicos (museus?) são, eles próprios, inestimáveis recursos cognitivos a serem interpretados, vivenciados e estudados. A presente proposta objetiva, portanto, evidenciar os diálogos entre o museu e a cidade, de modo a lançar luzes sobre o papel a ser desmpenhado pelas novas arquiteturas e museus na relação com o espaço urbano que os contêm.

Abstract

Spectacular architectural projects are usually constructed to create new urban icons, foster tourism and revitalize degraded areas. The design of these projects often ignores or obscures the cognitive, historical, aesthetic and memorial qualities of pre-existing urban fabric. This model of urban redevelopment may be seen in several ‘revitalization projects’ of obsolete industrial zones, old harbor areas or districts, in different geographical and socio-cultural settings. The attempt to strike a balance between old and new architecture was the subject of passionate debates throughout the twentieth century. Today, if contemporary architecture claims space in the consolidated city, the city itself requires the observance of its historical, aesthetic and memorial specificities, affirming its identity as cultural heritage. In contemporary times, the cult of the ‘icon-building’ (architectural museums or museums of itself) gives new contours to the old debate on the ‘old/new’ relationship. The recognition of urban environmental values – theoretical achievement accompanying the expansion of the concept of cultural property in the last decades – leads us to reflect upon the cognitive qualities of these areas and create a different kind of museological approach. In other words, the pre-existing urban spaces containing new architecture are themselves valuable knowledge resources to be interpreted, experienced and studied. This paper aims, therefore, at analyzing the identification of the urban-environment cultural values as a path to understanding and seeking the harmonic coexistence between the city’s past and present ‘layers’. In this context, this study also investigates the museological dialogues between icon buildings and the urban spaces surrounding them.

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