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OFICINA: do teatro à cidade – Parte I – Entrevista com Marcelo Suzuki

Felipe Ribeiro Pires, Marcelo Suzuki e Vera Santana Luz, durante entrevista com o arquiteto.

Marcelo Suzuki, arquiteto formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo — FAU USP, possui uma longa carreira, marcada tanto por realizações individuais, quanto por parcerias importantes. Dentre estas, talvez entre as mais marcantes, seja com Lina Bo Bardi, no início de sua carreira, na década de 1980, passando também por período de colaboração com o escritório Brasil Arquitetura. Na seguinte entrevista, com pequenas edições realizadas pelos autores para sua maior fluência, Marcelo relata suas vivências com o Teatro Oficina, uma das companhias mais antigas da cidade de São Paulo, famosa por propor verdadeiras revoluções na produção teatral brasileira. A entrevista foi realizada no âmbito de um trabalho acadêmico, que teve por objetivo investigar a trajetória do Teatro Oficina, mediante os conflitos urbanos em que a companhia se envolveu desde a década de 1980 até o presente, e a contribuição dos profissionais de arquitetura e urbanismo nesse debate e na proposição de alternativas para o bairro do Bexiga, onde a companhia se instala. Nesse território, disputam duas visões de cidade distinta. Por um lado, o Teatro Oficina, que tem sua sede instalada em um pequeno imóvel na rua Jaceguai número 520. No ano de 1980, o Grupo Silvio Santos, braço imobiliário do império do grande apresentador de TV, toma sua primeira investida, tentando obter o imóvel do Oficina, para construir um grande empreendimento comercial. Embora a tentativa de compra tenha sido frustrada, o evento iniciou um outro debate: o grupo de teatro passou a reivindicar o direito de que os terrenos lindeiros à sede da companhia, de propriedade de Grupo Silvio Santos, pudessem ser convertidos em espaços públicos, com vocação para o lazer e a cultura. Esta situação local reflete, no bairro do Bexiga, disputas análogas por preservação cultural e de vida cotidiana de populações moradoras e pressões do mercado imobiliário.

Entrevista publicada no site: VITRUVIUS