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Obras de restauração do Museu Nacional revelam vestígios arqueológicos

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As obras de restauração do Museu Nacional duram mais de 5 anos, desde que um incêndio levou embora um patrimônio incalculável do local. A dedicação das centenas de profissionais garante que o museu possa ser reaberto em 2024.

A equipe de reportagem da TV Globo visitou as obras e mostra o árduo trabalho de reconstrução do local. As obras devem custar até R$ 445 milhões, e 40% desse valor ainda precisa ser captado.

A última parte a entrar em obra foram os fundos do Bloco 4, e as intervenções não estão tão avançadas. No entanto, na fachada do prédio histórico, as réplicas das estátuas já foram colocadas no topo.

O cenário de destruição ainda é percebido. As vigas de aço retorcidas pelo fogo permanecem no local, e os dois andares que foram abaixo não serão reconstruídos.

O intuito é preservar parte da história desse episódio tão triste.

O técnico responsável pela segurança dos trabalhadores da obra conta que pessoas que visitam o local saem emocionadas.

“Elas têm reações fortes. Teve uma japonesa que começou a chorar”, conta Allan Kardec.

A sala onde a japonesa se emocionou é onde fica o meteorito que ficou intacto mesmo após o incêndio. Neste ambiente, a fuligem das paredes será removida para recuperar a antiga pintura mural. A Sala Bendegó fará parte da primeira etapa da reabertura, em junho de 2024.

A reinauguração completa está prevista para 2026.

Mesmo quando as coisas eram luz e sombra, vestígios inéditos começaram a surgir. Eles descobriram que a construção foi feita em cima de uma rocha, e os indícios vieram do chão, como explicam os arqueólogos.

“A técnica construtiva dos portugueses é em alvenaria de pedra. A casa colonial do Elias foi erguida em cima de uma rocha e a gente consegue então perceber essa evolução. A gente tem paredes ainda que são paredes originais, outras não”, explica Andréa Jundi.

A construção foi feita por pessoas escravizadas.

“É uma parte difícil do nosso passado o trabalho escravo e o trabalho forçado, mas ao mesmo tempo mostra como essas pessoas estavam presentes e vivendo nesses espaços que é uma coisa importante uma informação importante de ser recuperada”, destaca o arqueólogo Marcos André.

Um encarregado de obras chegou ao local somente para colocar tapumes depois do incêndio, mas não saiu mais do local. Eraldo Galvão conhecia o museu desde novo, e agora carrega a experiência para a vida toda.

Ele se emociona ao relembrar dos objetos indígenas que ajudou a resgatar dos escombros. Em contrapartida, há um funcionário que se distancia de qualquer emoção: o diretor do Museu Nacional.

Alexander Kellner assumiu o cargo pouco antes da tragédia, e para ele é um conforto os barulhos da obra.

“Você tenta tirar daquela situação negativa o máximo de proveito possível pra tentar resgatar questões positivas, mas deixando muito claro que o que aconteceu aqui foi realmente uma tragédia”, declara o diretor.