Por uma nova museografia: os desafios museográficos de uma instituição polivalente como o Museu Goeldi

Karol Gillet Soares

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Pará (2003). Mestrado em História Social da Amazônia pela Universidade Federal do Pará (2008). Desde 2003, atua na Coordenação de Museologia do Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG, principalmente nos seguintes temas: exposições, expografia, design gráfico e patrimônio histórico. Atualmente é Coordenadora do Núcleo de Museografia - MPEG. kgillet@museu-goeldi.br

Resumo

O presente trabalho resenha os desafios museográficos que a Coordenação de Museologia do Museu Paraense Emílio Goeldi tem enfrentado nos últimos dez anos. Esse período compreende à experiência pessoal da autora nesse setor, marcada pelo fechamento e posterior demolição do principal pavilhão expositivo da instituição, que abrigava as exposições permanentes. O dilema se agravava com o fato de o outro prédio expositivo do Museu, uma construção do século XIX, também se encontrar inacessível desde 1986. Diante da missão institucional de difundir o conhecimento científico produzido pelo corpo de pesquisa do Museu e as importantes coleções ali abrigadas, sempre com foco na Região Amazônica, procedeu-se à realização de pequenas mostras extramuros associadas a eventos científicos enquanto o prédio centenário era restaurado. A enorme diversidade de campos do conhecimento e assuntos a serem tratados nas exposições, e a heterogeneidade do material expositivo levou a equipe da Museografia a se adaptar às variadas demandas de curadoria, em circunstâncias que acabaram tornando-a um núcleo versátil e criativo. De exposições multidisciplinares segregadas por assunto, chegou-se a eventos realmente transdisciplinares, nos quais os ramos do conhecimento abordados se entrecruzam e se enriquecem mutuamente. A adoção de técnicas de acessibilidade para deficientes, a curadoria e museografia compartilhadas com representantes de populações tradicionais amazônicas, a conexão entre ciência e arte e outras questões em pauta foram abordadas por uma nova museografia que faz de uma exposição um todo muito mais rico que a soma das partes.

Abstract

This study reviews the museographic challenges met by the Coordination of Museology of the Museu Paraense Emílio Goeldi [Emil Goeldi Museum in the State of Pará], Brazil, throughout the past ten years. This period refers to the author’s personal experience in that department, in which the main exhibition hall of the institution, harbouring its permanent exhibition, was shut down and subsequently demolished. Aggravating the situation was the fact the 19th century building that served as the second exhibition hall was also unusable since 1986. To accomplish the institutional mission of disseminating the scientific knowledge produced by the in-house research staff, as well as the remarkable collections held therein, all focused on the Amazonian Region, small-scale exhibitions linked to scientific events and presented outside the Museum walls were offered while the century-old building was being restored. The wide diversity of the fields of knowledge and subjects to be dealt with in the exhibitions, in addition to the heterogeneous nature of the material to be exhibited, led the Museography staff to adapt to the various demands of curators, in circumstances that ended up its becoming a versatile, creative team. Early multidisciplinary exhibitions segregated by subject evolved into truly transdisciplinary events in which the fields of knowledge on display would intertwine and enrich each other. The adoption of techniques for the accessibility of the handicapped, the shared curatorship and museography with representatives of traditional Amazonian peoples, the connection between science and art and other related issues were met by a new museography that turns an exhibition a whole much richer than the sum of its parts.

 

VOLTAR   BAIXAR ARTIGO